Na coluna lateral estreio um serviço gratuito da buzztracker, que nos mostra num gráfico muito simples actualizado automaticamente, os locais onde decorre a acção a nível mundial…
“Buzztracker is software that visualizes frequencies and relationships between locations in the Google world news directory.
Buzztracker tries to show you how interconnected the world is: big events in one area ripple to other areas across the globe. Connections between cities thousands of miles apart become apparent at a glance.
Buzztracker currently only tracks English-language news sources.”
fonte: buzztracker.org
Temos andado a masturbar-nos com a imagem de um utilizador das NTIC (vulgo: internauta) virado (generosamente) para a partilha da informação e a representação colaborativa. Acontece que os dados físicos, como este mapa do buzztracker, como as localizações dos hospedeiros e a nacionalidade dos utilizadores, mostram a manutenção dos princípios económicos responsáveis pelo desequilíbrio no desenvolvimento global. “O não-lugar do ciberespaço, propício às relações híbridas (ao mesmo tempo globais e tribais, vinculando universalmente subculturas ao grande hipertexto), não consegue contrapor-se à concentração geopolítica da infra-estrutura da indústria da informação e da comunicação. Temos, portanto, de um lado, as articulações que levam à ligação global das representações, independente do local geográfico de emissão, e, do outro, a teia que reproduz a exploração e reafirma a ausência de compromisso do contemporâneo com um fluxo de informação equilibrado.” O que quer dizer que os periféricos cosmopolitas da comunicação digital ao percorrerem sem culpa as ligações da rede, ao estabelecerem nós sem se preocuparem com os respectivos vínculos geográficos, estão, na realidade, a utilizar uma infra-estrutura que os reposiciona geograficamente da forma mais cruel, quer pela língua que utilizam para comunicar, como pelo tempo de permanência na rede, pela qualidade e velocidade da conexão, a favor da crescente apropriação do ciberespaço por empresas com interesses meramente comerciais.
É, talvez, por isso que Luanda só aparece neste mapa quando de lá provêm as notícias de dezenas de vítimas mortais de uma maleita que nós por cá esperamos que se mantenha por paragens exóticas, desejando secretamente que as autoridades deixem do lado de fora da fortaleza Schengen qualquer possível portador da maleita (negros, principalmente). A maior parte dos clientes da informação não sabe onde fica Luanda. Mas saberia ainda menos onde fica a província do Uíge que é onde, realmente, grassa a epidemia provocada pelo vírus de Marburg (identidade europeia). Recentraliza-se e pronto. Não se diga depois que o ciberespaço não é um espaço ficcional.
Não se passará mesmo nada no hemisfério sul ? Ou será que lá não existem “clientes” para o produto informação ? O mapa rizomático do ciberespaço modifica-se minuto a minuto conforme os fluxos de pacotes de bits são expedidos e recebidos. Um nó sobreaquecido como Roma em dia de eleição do Papa pode, amanhã, desaparecer do mapa. O mapa é “papável” em função da informação consumível. E mais de 80% de “consumidores” estão no hemisfério norte, obviamente.
Se fosse preciso uma demonstração clara da sobreposição da “net” (espaço de liberdade/ciberespaço) e da rede cada vez mais concentracionária da produção e distribuição da “informação”, este mapa, e sua constante actualização, é a melhor que poderemos “visualizar”.
Deve ser a informação que merecemos. Melhor do que isto só um anúncio televisivo cheio de peidos (que não sei o que vende) logo seguido de outro, de um leite Mimosa que é bom para o tracto intestinal. E não digam que o acaso não faz bem as coisas.
Dito isto, é a primeira vez que tenho a honra de estrear um blog. Obrigado, Júlio. Mas a questão identitária “perturba-me”: não é estranhamente parecido com o do Professor Cádima ?
Bem, vou tentar responder ao Zé Pedro da forma mais simples possível e por pontos:
A questão de fundo que o Zé Pedro coloca, interessa-me do ponto de vista da discussão sobre a democracia “da Rede”. O Buzztracker é logo à partida um serviço limitado porque apenas detecta palavras em textos em Inglês e que pertencem ao “Google world news directory”. Para começar já exclui os textos em todas as outras línguas e de todos os outros principais portais de noticias.
O buzztracker é um serviço que processa dados estatísticos apresentados em forma de gráfico. Estes valem pelo que valem!, como todos os dados meramente estatísticos.
Quem observar o mapa um ou dois dias repara que os locais mais falados situam-se no hemisfério norte do globo, pois nessa região se situa a grande indústria de entretenimento e media em geral. Como é óbvio os países de África e América Latina são menos falados… pois são! mas o seu atraso civilizacional também é mais longo que a idade que tem a Internet.
Desenganem-se todos os que vivem iludidos pensando que o “milagre” da rede global viria para acabar com os séculos de atraso dos países sub-desenvolvidos. O atraso está lá, e vai continuar…
Para finalizar devo dizer que o interface do HCI-U não é parecido ao do Prof. Cádima, (www.irrealtv.blogspot.com) é IGUAL!… sendo um serviço gratuito de alojamento de BLOGS em http://www.blogger.com, o mesmo disponibiliza alguns templates de interfaces, do qual o que escolhi penso ser o melhor e chama-se “Minima”. Como o nome indica é o mais minimalista, no sentido de que o que importa num BLOG são os “posts” e o seu conteúdo devendo este sobepor-se ao design do interface.
Olá Bruno
Não sei se já conheces, mas em
http://www.marumushi.com/apps/newsmap/newsmap.cfm
há uma visualização interessante das notícias (a fonte é o Google News Aggregator), não só em termos gráficos; a maneira como consegues ver, simultaneamente, as notícias mais importantes em cada país dá-te uma visão de conjunto fantástica. Nas palavras dos autores:
“Newsmap does not pretend to replace the googlenews aggregator. It’s objective is to simply demonstrate visually the relationships between data and the unseen patterns in news media. It is not thought to display an unbiased view of the news, on the contrary it is thought to ironically accentuate the bias of it.”