Jaron Lanier no seu ensaio publicado online com o título Digital Maoism: The Hazards of the New Online Collectivism, alerta para algo a que ele identifica como um perigo para a nossa sociedade, estabelecendo um paralelo com as ditaduras de esquerda e de direita (Maoismo ou Fascismo como o próprio indica no seu texto). Através do Wikipedia, Lanier afirma, que a Web 2.0 incorre no perigo de aniquilar o indivíduo em nome de uma suposta Inteligência Colectiva. As entradas do Wikipedia não são assinadas pelos autores bem como as suas constantes alterações. Ao contrário dos blogs nos quais os seus autores assinam os seus posts. Vimos também anteriormente a autora Danah Boyd, produzir um ponto de vista que vai de encontro ao que Lanier defende, ou seja, os bloggers como autores que se identificam tornaram-se mais credíveis perante uns Mass Media cada vez mais tendenciosos.

Lanier dá um exemplo: se quisermos saber opiniões válidas sobre uma série de TV, o MySpace é um local mais válido para buscar essa informação do que as enormes entradas da Wikipedia, isto porque normalmente no MySpace quem produz uma opinião também está a dar a cara e o nome pela mesma, tornando-se assim mais fácil contextualizar essa opinião, por exemplo, pela idade do autor, pela nacionalidade, etc.

Outro dos perigos identificados no ensaio, são os agregadores de conteúdos como o Google News ou outros mashups12 que se têm tornado mais populares que as opiniões produzidas por escritores de todo o mundo, uma vez que também estas aplicações se sobrepoem ao indivíduo, além disso torna-se mais fácil ser o agregador de conteúdos do colectivo onde não se correm riscos de emitir opiniões polémicas ou que possam ser dissonantes do mainstream.

Voltando ao tema da Inteligência Colectiva. Sobre este tema o autor afirma que a mesma pode ser tão estúpida quanto a mente de um indivíduo, veja-se por exemplo as histerias colectivas em volta do Y2K. Importa sim distinguir onde e em que situações a mente colectiva é mais inteligente que o indivíduo até porque, segundo Lanier, o cenário para que ambas tenham um mau desempenho é o mesmo. A era Pré-Internet oferece-nos bons exemplos de como o controlo de qualidade feito por um indivíduo pode melhorar a inteligência colectiva, e na era da Internet as comunidades sociais podem assumir esse papel de controlo, dizemos nós, uma vez que sempre existiram e continuarão a existir maus jornalistas, maus políticos, etc. A diferença é q a Web 2.0 oferece-nos do ponto de vista tecnológico, ferramentas mais poderosas que nunca para uma sociedade alerta e informada.

Jaron Lanier conclui que acima de tudo a riqueza da nossa cultura reside nas diferentes personalidades dos indivíduos e que esta riqueza nunca será substituída sequer pela Inteligência Artificial. Por outro lado a Mente Colectiva é lenta na tomada de decisões, característica essa que não se adapta com a governação de uma sociedade contemporânea, assim uma nova forma de política mais próxima dos indivíduos deve surgir.

“Empowering the collective does not empower individuals – just the reverse is true” (Jaron Lanier)